sexta-feira, 10 de junho de 2011

Louco? Não, obrigado.


Por hoje eu vou ficar de boa. Lúcido. Quero estar bem atento com todos os meus sentidos bem aguçados pois quero aproveitar minha vida.

Quero ver todas as cores do arco-íris. Todas as cores do nascer e do por do Sol. Quero olhar para o céu noturno e ver a lua que sorri para mim quando crescente. Quero olhar para os pontos brilhantes no céu e conseguir lembrar o que eles são. O quão grande esse universo é e o quão pequeno nós somos.

Quero meus ouvidos aguçados para ouvir os passarinhos, o vento batendo nas árvores. As palavras de um amigo que conta uma novidade, uma história, um conto, um fato interessante, uma piada ou desabafa momentos de tristeza. As canções que me fazem cantar, que me fazem sentir como se um dia eu pudesse ser um astro. As notas que saem de um instrumento músical que me fazem querer tocá-lo ou de uma caixa de som que ressona dentro do meu peito fazendo com que meus pés se mexam quase que involuntariamente.

Quero sentir o teu perfume. Quero sentir o cheiro do arroz japonês ou da geléia de abacaxi que faço. Ou das esfirras feitas aqui na vizinhança. Ou da pizza que o pessoal aqui de casa come toda semana. Quero sentir o cheiro da minha roupa quando limpa. Quero sentir o cheiro de incenso no meu quarto.

Quero meu paladar aguçado pois um dos maiores prazeres que sinto é o de comer. Sentir o doce, o salgado, o azedo e o amargo. Quero beber, mas não quero me embriagar. Quero poder desfrutar de cada gole de cerveja. Quero sentir a água descendo pela minha garganta e me revitalizando. Trazendo forças para dentro de mim. Quero tomar leite com achocolatado e sentir o doce e gelado passeando pela minha boca nas noites antes de dormir.

Quero sentir o vento batendo no meu rosto. Quero sentir frio. Quero sentir calor. Quero sentir alegria. Quero sentir tristeza. Quero sentir dor. Quero sentir tua mão quando toca a minha. Quero sentir dor de cabeça quando tiver trabalhado demais para saber quando descansar. Quero que meu coração doa quando magoado para que eu não esqueça e aprenda. Quero sentir o medo de encarar um sonho que está para se realizar e a alegria de vê-lo se realizando.

Quero sentir o mundo ao redor como ele realmente é. Quero meus sentimentos puros. Limpos. Como eles são naturalmente. Quero ser independente de qualquer coisa que os altere. Quero ser sincero comigo mesmo. Quando for pra doer, que doa. Quando for pra ser gostoso, que seja.

E quero que, assim, eu consiga aprenda a valorizar ainda mais todas as sensações boas.

Desculpa.

E quero que, assim, eu consiga aprender a valorizar ainda mais tudo o que sinto, pois é quando sinto que eu tenho a certeza de que ainda estou vivo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Olhos analíticos.


O poder do olhar. Acho que este é um dos temas mais batidos em discussões sobre relações humanas. O quanto o olhar tem o poder de transmitir uma mensagem sem precisarmos proferir uma palavra sequer. Entretanto, poucos conseguem ter a sensibilidade necessária para entender o poder avassalador que um olhar têm quando estamos julgando alguém.

Na realidade, devo me corrigir ao utilizar a palavra "julgar" pois adjetivos positivos como "bonito" e "interessante" não têm um efeito tão pesado. O termo correto seria o de "não aceitar" alguém.

Andando pela Av. Paulista, encontramos um cenário extremamente agressivo com pessoas de tudo quanto é tipo. Mendigos, madames, héteros, gays, lésbicas, loucos, skatistas, artistas, etc. A simples existência de muitos desses é uma agressão para nós.

Sim. Quando olhamos para estas pessoas, na realidade estamos desejando que elas não existissem. Simplesmente não aceitamos que elas estejam fazendo parte da nossa vida naquele momento. Eles são intrusos. Até aí, o problema não é tão grande pois estas pessoas meio que fazem parte de um cenário que vai ficando para trás conforme caminhando.

O problema maior é quando olhamos para alguém de nosso ciclo social desta forma. Por acaso tu sabes o quão frio e doloroso é o olhar de alguém que não aceita a tua existência? Dói na alma.

Na minha opinião, não ser aceito dói mais do que ser odiado, temido, etc. E é engraçado como a gente vai se permitindo olhar assim para todos ao nosso redor. Com esse olhar frio e agressivo. Olhamos assim para pessoas que não têm nada a ver com o fato de estares atrasado, ou sem dinheiro, ou seja lá o que tenha acontecido de ruim contigo.

E somente com o olhar tu é capaz de acabar com o dia de outra pessoa.

Eu sei bem o quanto ser olhado desta forma dói pois eu tenho o hábito de olhar nos olhos das pessoas. Sim. No metrô, nas ruas, no ônibus. Olhar nos olhos das pessoas e tentar entender o que se passa com elas é meio que um passa-tempo.

Além do exercício de olhar nos olhos de estranhos, eu recomendo profundamente o exercício de tentar manter a mente vazia ao olhar para estranhos na rua. Veja o cenário. Veja as pessoas. Mas não os rejeite. Aceite-os. Deixe que eles venham, passem e cumpram o seu papeu na tua vida.

Lembre-se, rejeitar a existência de uma outra pessoa é quase a mesma coisa que desejar que ela morra.