segunda-feira, 6 de junho de 2011

Olhos analíticos.


O poder do olhar. Acho que este é um dos temas mais batidos em discussões sobre relações humanas. O quanto o olhar tem o poder de transmitir uma mensagem sem precisarmos proferir uma palavra sequer. Entretanto, poucos conseguem ter a sensibilidade necessária para entender o poder avassalador que um olhar têm quando estamos julgando alguém.

Na realidade, devo me corrigir ao utilizar a palavra "julgar" pois adjetivos positivos como "bonito" e "interessante" não têm um efeito tão pesado. O termo correto seria o de "não aceitar" alguém.

Andando pela Av. Paulista, encontramos um cenário extremamente agressivo com pessoas de tudo quanto é tipo. Mendigos, madames, héteros, gays, lésbicas, loucos, skatistas, artistas, etc. A simples existência de muitos desses é uma agressão para nós.

Sim. Quando olhamos para estas pessoas, na realidade estamos desejando que elas não existissem. Simplesmente não aceitamos que elas estejam fazendo parte da nossa vida naquele momento. Eles são intrusos. Até aí, o problema não é tão grande pois estas pessoas meio que fazem parte de um cenário que vai ficando para trás conforme caminhando.

O problema maior é quando olhamos para alguém de nosso ciclo social desta forma. Por acaso tu sabes o quão frio e doloroso é o olhar de alguém que não aceita a tua existência? Dói na alma.

Na minha opinião, não ser aceito dói mais do que ser odiado, temido, etc. E é engraçado como a gente vai se permitindo olhar assim para todos ao nosso redor. Com esse olhar frio e agressivo. Olhamos assim para pessoas que não têm nada a ver com o fato de estares atrasado, ou sem dinheiro, ou seja lá o que tenha acontecido de ruim contigo.

E somente com o olhar tu é capaz de acabar com o dia de outra pessoa.

Eu sei bem o quanto ser olhado desta forma dói pois eu tenho o hábito de olhar nos olhos das pessoas. Sim. No metrô, nas ruas, no ônibus. Olhar nos olhos das pessoas e tentar entender o que se passa com elas é meio que um passa-tempo.

Além do exercício de olhar nos olhos de estranhos, eu recomendo profundamente o exercício de tentar manter a mente vazia ao olhar para estranhos na rua. Veja o cenário. Veja as pessoas. Mas não os rejeite. Aceite-os. Deixe que eles venham, passem e cumpram o seu papeu na tua vida.

Lembre-se, rejeitar a existência de uma outra pessoa é quase a mesma coisa que desejar que ela morra.

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