terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Dois anos depois...



Oi pai,

Dois anos se passaram desde que tu foste embora. Muita coisa mudou e eu acredito que pra melhor. Logo depois que partiste, eu ganhei uma tatuagem do Dé. É um lobo na minha perna. Este lobo seria eu. Na tattoo, ele aparece com uma corrente rompida na boca. Esta é a corrente de ódio. Mesmo antes da tua partida eu tinha decidido transformar qualquer dor que eu sentia em gentileza, combatendo assim o ódio. Tendo esta tatuagem cravada na minha pele, assumi a responsabilidade de pregar esta filosofia. Ódio gera ódio, amor gera amor. Jamais conseguiremos combater o ódio se seguimos gritando, planejando vinganças, tentando prejudicar quem nos prejudicou ou nos machucou.

Pouco mais de um ano depois, eu me tornei Doutor. Não sabes o quanto doeu não poder te ter lá assistindo minha defesa. Doía tanto que quase não consegui terminar minha tese. Me sabotava. Quase como que se não quisesse defender meu doutorado. Hoje eu consegui, com a ajuda de muita gente, superar esta fase e tenho mais um título nas costas, bem como todas as responsabilidades que ele me traz. A vida de um Doutor é bem diferente da um doutorando. Não tens idéia do peso.

No começo deste ano eu ganhei meu terceiro dan em Ninjutsu. No meio da última aula do Cristian que eu participei na Argentina que o Giuliano chegou do meu lado, me estendeu a mão e me parabenlizou dizendo: "Parabéns, terceiro dan". Logo em seguida veio o Cristian me parabenlizar. Tudo super discreto. Eu estava treinando com a Nathália e quase chorei no meio do treino. Quase.

Estes dois, foram os meus maiores passos nestes últimos dois anos. Fico na esperança que tu tenhas acompanhado de onde estás, que tenhas visto todo o esfoço, todas as crises internas que tenho pra seguir meu caminho. Deixo aqui minha oração, pai. A mesma oração em que fiz nos teus últimos dias entre nós. Nesta oração, muito mais de que o pensamento egoísta de querer-te perto de mim, tenho o pensamento de que quero que estejas bem, estejas onde estiver. Te amo.



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

From LS to LA - The Odyssey #1 (Traduzido)

Bom, parece que postar fotos com minha própria calografia foi um tremendo fracasso. Pelo menos umas três pessoas vieram reclamar que não leram nada. Então aqui vai a versão reescrita do texto:


Lima, 4 de fevereiro de 2013         

10:30 Hora local / 13:30 Hora de São Paulo

Cara... que cagaço! Quase que eu perco o voo de Lima para San José. Também! Com uma baita confusão de fusos horários, números de voos idênticos e mudanças no horário de voo, quem não se confundiria?

Agora eu tô mais calmo. Dentro do avião. Por sinal o mesmo avião que peguei para vir de Santiago até aqui.

Como eu já imaginava, esta viagem está sendo uma loucura. O primeiro pequeno stress do dia foi com o atraso do taxi. Às quatro e meia da manhã. Foram apenas dez minutos. Mas o suficiente para servir de prólogo para meu dia de viagem.

Depois, chegando ao aeroporto de Santiago, comecei a procurar o guichê da compania aérea com que iria voar: LACSA. Jamais ouvira falar. Caminhei por todo o saguão do aeroporto umas três vezes. Não havia nenhum guichê da LACSA.

Friozinho na barriga, lógico. E, obviamente, nestas horas nunca encontramos alguém para nos dar alguma informação. Enfim. Procurando, eu encontrei uma segurança que me disse que LACSA e TACA eramm a mesma empresa. Jamais adivinharia.

Na hora da emigração, de novo, tive problemas com o formulário de imigração/emigração. De novo, nada grave. Mas nunca é agradável ter um oficial te olhando de cara feia e exigindo explicações.

O voos saindo de Santiago para Lima foi tranquilo. Novos problemas surgiram somente ao chegar em Lima. Eu estava no voo 624. Deveria sair e tomar novamente o voo 624.

Posso parecer muito burro mas isso fez com que milhares de perguntas começassem a surgir na minha cabeça. Por exemplo: "será que eu deveria ter ficado no avião?". Aí começou a confusão. Eu nao sabia a hora do voo. Não sabia a hora de embarque. Não sabia a hora local.

Esse desespero todo dureou uns dez minutos. Mais precisamente até eu ter acesso à primeira tela de TV com todas as informações que eu precisava. Aí fiquei mais calmo. Tão calmo que confundi a hora de embarque com hora de voo. Por sorte, eu já estava entediado e fui ao portão de embarque. Que estava vazio.

Mais um pequeno pânico de dez segundos.

Por fim, cheguei junto a uma aeromoça e soube imediatamente que chegara nos últimos instantes. 

Um baita susto. E ainda tenho dois voos pela frente...

        


From LS to LA #2 - The Odyssey part 2

São apenas 10 horas da manhã aqui em Los Angeles. Faz frio lá fora. Uma forte névoa cobre a região onde K vive. A casa onde eu estou hospedado é bem grande e extremamente aconchegante. Sinceramente, parece uma casa de filme americano.

"Oh Wait! Por quê será?"

Agora já estou bem mais tranquilo mas o resto da viagem ontem foi tenso.

Basicamente, o susto que levei por ter quase perdido meu vôo de Lima para Costa Rica foi somente um prelúdio pro que estava por vir.

Minha chegada em Costa Rica foi tranquila. Na verdade, eu não sabia para qual país estava indo até ser anunciado que o "aeroporto de San José ficava na Costa Rica". Sem burro em geografia é uma merda.

Cheguei. Conferi os horários dos vôos. Verifiquei o portão de embarque. Tudo certo. Procurei Internet para dar sinal de vida mas parecia mais uma dasquelas "falsas redes de Internet grátis". Ou seja, o sinal é aberto mas tu tens que criar uma conta, colocar o número do teu cartão de crédito e receber uma facada no rim.

"Desapego. Fui comer."

Fui em um restaurante chamado Malinche. Segundo o que li no próprio restaurante, Malinche é uma árvore típica da Costa Rica. Googleando um pouco, eis mais ou menos a cara dela.

Árvore Melinche

Fiz questão de mencionar este restaurante porque eu comi um macarrão ao pesto fantástico. E por apenas 12 dólares. Demorou um pouco mas eu fiquei surpreso com a qualidade da comida. Estava deliciosa!

Logo em seguida, descobri que a Internet era grátis. Oh God! Felicidade imediata! Foi o suficiente pra dar sinal de vida.

Mas minha felicidade duraria pouco. Ao contrário da minha curta estadia em Costa Rica, tranquila e calorosa, o tempo que tive que ficar em El Salvador foi terrível. Foram apenas quarenta minutos mas quarenta minutos de puro estresse.

Ao chegar, dei de cara com um alfândega completamente "manual". Os oficiais abriram minha mochila, a bolsa com algumas coisas que tinha comprado no DutyFree e me revistaram inteiro. O estresse maior não foi por isso. Foi por causa de uma garrafa de pisco que eu havia comprado para o K.

Ok. Pouca coisa. Mas o retardado aqui estava tão determinado a ficar com o pisco que despachou a mochila junto com as demais bagagens. Só fiquei com o computador em mãos. Depois comecei a lembrar de tudo o que tinha na mochila.

"E se roubarem alguma coisa?"

Sim. Eu já ouvi histórias de coisas que desaparecem das malas de viajantes. E fiquei muito levemente nervoso com isso.

Finally, depois de mais cinco horas de voo, eu cheguei em território americano. A imigração foi tranquila. Fizeram bastante perguntas mas nada como dizer que "sou um estudante de doutorado em astronomia". =P

O cara da alfândega já foi mais chato. Ele olhou pra minha cara e pensou: "Eba! Tá aí um cara que deve tá cheio de coisas ilegais! Tá fudido na minha". Err... não. Cagão do jeito que eu sou, trouxe pouquíssima coisa comigo e nenhuma delas teria problemas. A hora que ele viu que se enganou, começou a fazer mil perguntas sobre o que eu estava fazendo nos EUA, se tinha dinheiro, pra onde iria, com quem iria, blá, blá, blá.

Eu estava morrendo de sono e já tinha sacado a do cara. Nessas ocasiões, manter a calma e responder somente o que ele perguntar sempre é a melhor solução.

Finalmente, cheguei na saída do aeroporto. Demorou uns dez minutos até que eu pudesse encontrar K, que estava dormindo em algum lugar por ali.

Eu o encontrei basicamente à meia noite, hora local de Los Angeles. Levando em consideração que acordei às quatro da manhã, hora de Santiago, podemos dizer que minha viagem durou apenas 25 horas.

Por hora, estou somente desfrutando da casa onde estou hospedado esperando K e R ficarem livres de seus trabalhos para que possamos sair para fazer compras algo. Pelo o que já previa, não sei se sairei muito para conhecer os lugares por aqui. A casa onde estou hospedado fica longe do centro e o transporte até lá não é dos mais fáceis. Meio que estou dependendo de K. Mas... vamos ver o que mais essa viagem pode me trazer.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

From LS to LA #1 - The Odyssey

Não é sempre que eu me animo a escrever. Como eu conversei ontem com um amigo, eu gosto de escrever quando tenho a impressão de que uma boa aventura está por vir. E foi mais ou menos o que aconteceu.

Abaixo estão as minha anotações durante minha viagem de La Serena (Chile) para Los Angeles (USA). Espero que estejam legíveis.

Primeira Página

Segunda Página

Terceira Página

domingo, 13 de janeiro de 2013

Left behind

A vida continua...

Eu viajo, vou pra longe. E a vida de todo mundo continua. Tenho medo de não ter mais espaço na vida das pessoas que gosto. Tenho medo de incomodar. E sinto que sou deixado pra trás.

A vida de todo mundo continua. Inclusive a minha. Mas eu não faco mais parte da tua vida. Nem da vida de ninguém. Nessa história de estar sempre longe acabo não estando em lugar algum. Na vida de ninguém. E me sinto como se não fizesse parte de história alguma. Preso em algum vácuo ou vazio ou em algum espaço inexistente.

Sinto como se não tivesse mais lugar na vida das pessoas que conheci. Sinto-me um instruso. Sinto-me um alien. Um ninguém. Um alguém sem raiz. Sem ter pra onde voltar. Sem ter um lugar pra realmente chamar de lar.

Sinto-me só.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

E a palavra chave é: cultivar

Sim. Cultivar.

É muito mais difícil "manter" do que "conseguir".

Uma das experiências mais simples na vida de uma pessoa tem se mostrado uma tarefa extremamente árdua no meu dia-a-dia: manter meu quarto arrumado. Passei grande parte do meu final de semana apenas colocando as coisas em ordem. Tenho muita tralha. Muita coisa que não uso mais, mas que guado porque "um dia eu posso precisar". Nisso eu vou acumulando e acumulando e acumulando.

Depois de tanto trabalho, dormi. E acordei com a proposta de tentar manter meu quarto o mais arrumado o possível. Tenho tentado lavar toda a minha louca antes de dormir. Evito deixar lixo sobre a mesa e coloco todos os eletrônicos em uma mesma caixinha. Coisas pequenas. Mas é engraçado como é difícil manter.

Da mesma forma, é tão fácil conquistar alguém. Posso estar sendo bastante prepotente aqui, mas é verdade. Conquistar uma pessoa é mais simples do que parece. Um sorriso sincero. Gentileza. Educação. Demonstrar segurança. Coisas simples e que fazem com que várias pessoas sejam cativadas por ti. Mas por quanto tempo?

Muita vezes saímos jogando sementes por todos os lados e esperamos que as plantas cresçam sozinhas. Entretanto, se não as regarmos, elas podem até desabrochar algum dia. Mas não
durarão muito tempo. A grande maioria das sementes morrerá antes mesmo de romper sua casca
ou de aparecer sobre a terra.

E o engraçado é como esta analogia se aplica a muitos casos. O exemplo citado acima fala de pessoas. Como jogamos sementes querendo algum parceiro ou parceira mas, muitas vezes, saímos com várias pessoas ao mesmo tempo e não nos permitimos conhecer nenhuma delas bem.

Outras vezes, temos os sentimentos. Uma relação de amor ou amizade também precisa ser cultivada. Se não forem mantidos, alguns sentimentos perderão sua identidade e virarão apenas saudades ou nostalgia.

Essa é uma lição forte pra mim. Na teoria, eu penso bastante nela. Mas na prática, ainda procuro ser aceito por tudo e por todos. Sim. A palavra chave, aqui, é "aceitação". Mas isso fica para o próximo post.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Mais amor, por favor...


Eu tirei esta foto aqui perto de casa. Na rua da minha casa para ser mais exato. Vi e vejo este grafite em diversos cantos de São Paulo e parecem que a maioria das pessoas não entendo o quão forte e simples isso é pra mim.

Pessoal, mais amor por favor.

Creio que muita gente concordará comigo. Postar fotos e vídeos de pessoas batendo em animais, cenas de assassinatos, aborto, estupro e etc não vai fazer o mundo melhor.

Experimente pegar uma criança e colocá-la por horas em frente a uma TV com cenas deste tipo. Certifique-se de estar ao seu lado e comentar a cada cena o quanto aquilo é desumano e errado. Achas realmente que aquela criança será uma criança sadia? Feliz?

Eu acredito que ela possa aprender, sim, os valores sobre "certo" e "errado". Sobre como viver em sociedade. Questões como "não deves matar", "não deves roubar", "não deves ser um filha da puta". Sim. Acredito em tudo isso. Mas não acredito que ela vá lidar bem com estes conceitos.

Toda vez que ela ver alguém fazer algo que vai contra os seus valores, provavelmente ela reagirá de maneira agressiva, violenta. O que também vai contra os seus valores. E ai?

Ficar postando mensagens retiradas de livro de auto-ajuda também não vai fazer de ti uma pessoa melhor.

Fale menos. Julgue menos. Ame mais.

Se alguém cometeu um erro, chegue até a pessoa e converse. Seja sereno. Mostre o caminho. A vida é uma escola e, porra, todo mundo está cansado de saber disso. Se todos erram e todo mundo sabe disso, por que não ser um pouco mais tolerante com a pessoa do lado e pedir as coisas com gentileza? Com carinho?

Sinceramente, eu jurava que conseguiria estruturar melhor este post. Droga.

Ame mais. Seja mais gentil. Sorria. Fazer o mundo ao teu redor ficar melhor é uma opção tua. Mude a forma de encarar os problemas. Chore, ria, sinta ódio. Mas lembre-se que, sob qualquer hipótese, não tens o direito de ser cruel com os outros. Se alguém te molesta e te faz o mal, te afasta. Evite vinganças. Evite brigas. Evite rancores. Cultive apenas sentimentos bons.

Opte por ser feliz e, por favor, mais ame mais.